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Existiam reinos, florestas e avançadas civilizações aqui até que Cristóvão Colombo disse ter “descoberto” essa terra, em 12 de outubro de 1492. A partir daí, o mundo ruiu. Montezuma, o rei asteca morto pelos espanhóis em 1520 por ordem de Hernando Cortés; Atahualpa, imperador inca executado por Francisco Pizarro em 1533; a brava resistência maia que durou até 1697. No Brasil, a antropofagia ritualística do Bispo Sardinha pelos caetés, em 1556, serviria de pretexto para a violenta perseguição portuguesa contra os povos indígenas.
Seguiram-se séculos de lutas. Primeiro, contra os colonizadores que impunham sua cultura à força e exploravam os veios da terra, levando tudo o que julgavam valioso para as metrópoles europeias. Depois, contra o imperialismo norte-americano. A América Latina é essa amálgama de resistência, de queda e de levante. Ser latino-americano é não baixar a cabeça e nem desviar o olhar diante dos opressores.
Contraditoriamente, mesmo com tantos dissabores, a América Latina tem uma cultura colorida e vibrante. Sinal de que a dança, a música e a literatura florescem nas dificuldades e ensinam o povo a ser resiliente. Nesta edição, pontuamos alguns aspectos da riqueza cultural deste vasto continente. Humildemente tentamos trazer aos leitores um vislumbre de toda essa força e beleza. Boa leitura!

Aproveite e escute as músicas que os escritores se basearam para seus textos nessa edição.

Resenha do livro: A casa dos espíritos por Daiane Carrasco
Não tecerei aqui comentários sobre o enredo, sobre as conexões com o golpe de estado e a ditadura no Chile. Qualquer busca rápida na internet diria o mesmo que eu, talvez com um ou outro detalhe a mais ou a menos. Mas o que falarei a respeito do livro escolhido para esta edição, caros leitores? Divagarei sobre o ponto principal da obra: a força feminina que transpassa três gerações.
Isabel Allende é magistral em detalhes simples, como a escolha dos nomes de suas heroínas: Clara, Blanca e Alba que remetem à pureza, ou como o fato de Esteban Trueba, personagem ambicioso, misógino e patrão do latifúndio ser o único que tem sua voz de consciência narrada em primeira pessoa. É a metáfora de um continente desigual, no qual só os homens poderosos têm suas vozes ouvidas e suas vontades executadas.
A casa dos espíritos versa sobre as paixões, as vinganças e os posicionamentos políticos que aproximam ou opõem classes sociais. É como um combate entre presas e predadores. Mas há algo em comum entre ambos os lados: as mulheres são a coluna vertebral da sociedade. Mesmo silenciadas, com casamentos arranjados, com abusos físicos e psicológicos, permanecem firmes como rochas. Contraditoriamente, o discurso indireto, usado majoritariamente para expressar as ações e pensamentos das mulheres, não diminui a relevância das personagens. Muito pelo contrário: quase apalpamos a introspecção de Clara, a abnegação de Blanca e a rebeldia de Alba.
Penso que é por isso que uma boa escrita é tão difícil! O segredo, queridos leitores, não é contar uma história. É COMO contar uma história. Isabel Allende, logo em seu primeiro romance publicado, brinda-nos com uma habilidade excepcional em usar figuras de linguagem e elementos fantásticos, como o cabelo verde de Rosa e a clarividência de Clara, para transportar-nos ao seu universo fictício.
Encerro dizendo que em tempos de telas e de mensagens de áudios e leituras que não ultrapassam a concentração de cinco minutos “A casa dos espíritos” segue como um dos romances mais relevantes da América Latina. Em momentos de ataques misóginos, como no caso da Ministra Marina Silva, o romance é uma mensagem vívida do porquê ainda vale a pena crer e ser e lutar como uma mulher.


A casa dos espíritos
Autora: Isabel Allende
Considerado pela crítica como um clássico da literatura latinoamericana, o romance conta a saga da turbulenta e numerosa família Trueba, cujo patriarca é o latifundiário e senador Esteban Trueba. O romance, que tem sua narrativa caracterizada por uma notável lucidez histórica e social, oferece um painel contundente da história chilena, entre 1905 e 1975. Combinando magia e realidade, Isabel Allende confere à obra sua personalíssima visão do realismo fantástico, inserindo “A Casa dos Espíritos” na respeitável galeria dos grandes romances da literatura latino-americana. A obra transformou-se num divisor de águas na literatura hispânica, pois, até a publicação do livro, em 1982, nenhuma escritora havia conquistado tamanho sucesso editorial. Saiba mais…

Filme: O banheiro do papa (2007) por Daiane Carrasco
Há muito tempo que um filme não me fazia refletir durante dias. “O banheiro do Papa” fez essa proeza. Película de três nacionalidades: franco-uruguaia-brasileira, lançada em 2007, dirigida e roteirizada por César Charlone e Enrique Fernández, é um tapa na cara de todos nós. Não por ter cenas de morte e de violência – não é o caso. Muito pelo contrário. O filme preza pelo humor tragicômico e pela delicadeza. Mas o que tem de tão impactante? Explico.
A história gira em torno da visita de João Paulo II em 1988 a uma pequena cidade uruguaia – Melo. Trata-se de um vilarejo pobre, que vive basicamente da agricultura e da pecuária. Beto, interpretado pelo fantástico César Troncoso, é um “quileiro”, um cara pobre que cruzava a fronteira (Aceguá, RS), comprando pequenos volumes de bens de consumo no Brasil e vendendo aos seus conterrâneos. Beto e seus companheiros tinham que burlar os guardas da fronteira que tomavam sua carga de bens como whisky, erva-mate, farinha, entre outros, humilhando os pequenos contrabandistas. As viagens eram feitas a muito custo, de bicicleta.
Beto é casado e tem uma filha, Tereza (Rosário dos Santos) que sonha em ser jornalista. O mundo é duro para a jovem sonhadora – a casa é pequena e insalubre, falta-lhe quase tudo. Sua mãe, Carmen (Virginia Méndez) economiza qualquer mísero centavo para assegurar a educação da filha. Eis que surge a necessidade de comprar uma moto, para facilitar o contrabando. Carmen entrega o dinheiro ao marido, que o emprega em um empreendimento: construir um banheiro e cobrar o uso dos peregrinos brasileiros que viriam ver o Papa. Ganhariam dinheiro e seria a solução dos seus problemas.
Os moradores de Melo empolgam-se com as projeções de centenas de romeiros e com a comitiva de autoridades que viriam em razão da visita do Pontífice. Montam barracas de comida, investem o que têm e o que não têm. Só que as estimativas mostraram-se otimistas demais…
O mais surpreendente é que poderia ter sido apenas um bom roteiro, mas não: o filme foi baseado em fatos reais. Enquanto eu assistia, pensava que o Papa dizia palavras inspiradoras sobre a fé e a união entre os povos. Só que aquelas pessoas buscavam o básico – sobreviver. O discurso de Vossa Santidade estava anos-luz distante de quem atravessou a fronteira correndo, com uma privada de louça sobre os ombros. Senti-me pequena. Não consigo mensurar quantas vezes ofertamos falas vazias de sentido. Compreendi que um filme de baixo orçamento pode ser gigante.

O banheiro do papa (2007)
Direção e roteiro: Enrique Fernandes, Cesar Charlone
Elenco: César Troncoso, Virginia Méndez
Título original: El baño del Papa
1998, cidade de Melo, na fronteira entre o Brasil e o Uruguai. O local está agitado, devido à visita em breve do Papa. Milhares de pessoas virão à cidade, o que anima a população local, que vê o evento como uma oportunidade para vender comida, bebida, bandeirinhas de papel, souvenires, medalhas comemorativas e os mais diversos badulaques. Beto (César Trancoso), um contrabandista, decide criar o Banheiro do Papa, onde as pessoas poderão se aliviar durante o evento. Mas para torná-lo realidade ele terá que realizar longas e arriscadas viagens até a fronteira, além de enfrentar sua esposa Carmen (Virginia Mendez) e o descontentamento de Silvia (Virginia Ruiz), sua filha, que sonha em ser radialista. Saiba mais… (Adoro cinema).


Merceditas por Igor Pires Leon
Foi no Sarmiento Club, um clube de tango na pequena cidade de Humboldt, em que me apresentava com o grupo de teatro do qual fazia parte, que eu a vi pela primeira vez. Posso dizer que me encantei por ela, com aquele lindo vestido branco, o cabelos loiros e encaracolados, soltos. Havia uma luz que a envolvia, uma luz divina! Ela resplandecia entre todas as demais e, meu pobre coração disparou. Confesso que fiquei desconcertado com tamanha beleza. Após a minha apresentação, fui à mesa em que ela estava e apresentei-me “Ramon Sixto Ríos, poeta e compositor”, a voz empostada. Eu tremia, confesso, esperando por uma reação de tão graciosa moça. “Mercedes Strickler Khalov”, respondeu-me estendo a mão. Beijei-lhe a ponta dos dedos. Ela sorriu graciosamente. Ah, que encanto de pessoa! Convidei-a para dançar um tango, crendo que ela fosse recusar, mas eis a minha surpresa: ela aceitou! Dançamos pelo salão, chamando a atenção de todos. Eu era o homem mais feliz de todo clube, de toda a cidade.
Passamos a nos encontrar regularmente e, a cada dia, Mercedita despertava em mim uma forte paixão por seu espírito independente e incomum, o que gerava comentários entre os moradores da cidade, que não aceitavam o seu modo de ser e viver. Eu a desejava a ponto de perder o sono e o sossego. Infelizmente tive que retornar a Buenos Aires com o grupo de teatro, mas nunca deixei de escrever-lhe. Por vez ou outra eu retornava para Humboldt, que ficava a mais de 500 quilômetros da capital, para vê-la, matar a saudade. Ah! Como eram lindas aquelas tardes pelos campos! Mercedita cavalgando com os cabelos soltos ou montada em sua motocicleta, vestida com uma jaqueta de couro e calças compridas. Não importava o modo como ela agia, o que vestia, eu simplesmente a amava.
Foram dois anos entre trocas de correspondências e idas a Humboldt. Resolvi pedi-la em casamento. Fui à melhor joalheria de Buenos Aires e comprei os anéis para o noivado. Cheguei à cidade no meio da tarde. Hospedei-me no lugar de sempre. Passei a noite em claro pensando no que dizer à Mercedita.
Na manhã seguinte, fui para o Laticínio que ela cuidava com sua mãe e irmã. Ela não me esperava, afinal, eu não havia escrito que viria para a cidade. Abriu um largo sorriso ao me ver e abraçou-me e beijou-me com desejo. Seria aquele o momento para pedi-la em casamento? Qual o momento certo? Então, tirei do bolso do paletó a caixinha com os anéis e a pedi em casamento. Foi então que o seu sorriso desapareceu e eu não entendi o motivo.
“Não posso aceitar o seu pedido. Por mais que eu o ame, está me pedindo demais”, disse-me com tranquilidade. Confesso que vi o chão se abrir sob meus pés. Por qual razão Mercedita recusaria o pedido de casamento? Se ela dizia me amar, então não havia motivo para recusar. Tentei saber de todas as formas, mas ela se negou a responder, apenas afirmando que aquilo era demais para o seu espírito.
Regressei para Buenos Aires com o coração partido, sentindo-me o último dos homens. Eu tentava compreendê-la, mas não chegava à conclusão alguma. Talvez ela não quisesse se casar com um poeta e compositor, ter uma vida de incertezas. Se esse fosse o motivo, esperava que ela me dissesse. Escrevi algumas cartas, até que eu desisti de escrever. Deixei-a ir.
Passados vários anos, pergunto-me se o nosso amor seria forte o suficiente para enfrentarmos as agruras da vida. Certamente teríamos filhos, muitos filhos como eu planejava ter. Ríamos de nossos planos. Eu a amava. Como amava aquela mulher.
Hoje acordei com um aperto no peito, uma saudade de um tempo que não regressará jamais, de um tempo feliz, ao menos para mim. Felicidade é pensar que o amor é como uma necessidade urgente no meio da noite. Mercedita, por que deixou de responder às minhas cartas? O silêncio sobrepujou minhas juras de amor. As linhas mudas. Será que ainda pensa em mim como eu ainda penso em você? Fiz-te uma canção. Teu espírito livre jamais se apegaria a alguém, mas imortalizei-te nos meus versos. Ao menos, olharemos sempre a mesma lua, a mesma dos amantes que não silenciam e que tangem as necessidades e as urgências.

Merceditas (Ramón Sixto Rios, 1940): a história de amor entre um poeta e a herdeira de uma estância que se recusou a casar deu origem a esta canção. Escute a música no YouTube.

Canción para mi America por Karine Souza e Pousas
Resistência e Libertação
Foi descoberto, quisera não
Assim foi, assim precisava ser
Ofereceu seus adornos,
Penas e urucum, preciosas e ouro,
Ao poder do escambo, a cada valoração
Foi descoberto, quisera não
As pedras que brilhavam e a pedra do sol
Prestavam para troca,
Refletidas em espelhos e fogos de mão
Urucum e jenipapo, penas e cocares
Foi descoberto, quisera não
Levado para longe da oca
Para arar terra, servir casas
Esquecer floresta, aceitar verdades
Seu sangue regava uma justiça desconhecida
Sem floresta, sem alma
Foi julgado, por estar descoberto
Acuado, temeroso,
Entrou no senado
Pintou para a guerra
E lutou com palavras
Novos tempos surgiram
O massacre se manteve
Seu sangue continuou amuleto de superstição
Suas terras continuaram alvo de ambição
É preciso reconhecer
Para isso, conhecer
Respeito, tolerância, compreensão
Não podemos retroceder
Ver alma, espírito, ser
Marco temporal NÃO!

Canción para mi America (Daniel Viglietti, 1968): um grito de resistência pelos povos originários da América Latina. Escute a música no YouTube.

Carnavalito por Daiane Carrasco
Consuelo era argentina de nascimento. Todavia, havia deixado seu país natal ainda muito pequena. A família mudou-se para o Brasil em busca de melhores condições de vida, fugindo da hiperinflação que assolava os portenhos na década de 90. Ela não se lembrava de nenhuma referência de sua origem. Casou-se com um brasileiro que, gentilmente, escolheu a Argentina para a romântica lua-de-mel.
— Carlos, não precisamos viajar pra lá só por minha causa! A lua de mel é dos dois. – Preocupava-se com as preferências pessoais do jovem marido. Acostumara-se a priorizar os desejos alheios em detrimento dos seus. Mas Carlos, ansioso por agradar, reforçou-lhe a ideia de que era preciso banhar-se nas águas primordiais de sua origem para que adentrasse plena ao ninho nupcial. Assim foram.
Chegaram. Hospedaram-se em um hotel modesto, com café da manhã incluído na diária. Resolveu procurar por algo substancioso para comer na hora do almoço, a fim de economizar na refeição e gastar com passeios.
— Consuelo! Vi uma promoção em um mercado: “Galletitas!” Vou fazer uma quentinha pra nós! Quantas será que eu compro? Eu como bem! Devem ser menores que os frangos de padaria, mas dá pro gasto!
Foi então que Carlos teve seu primeiro choque cultural: galletitas é como os hermanos chamam biscoito doce ou bolachas. Não… não se tratavam de “galetinhas”. Não eram frangos de padaria no diminutivo feminino. Consuelo também não dominava o idioma de seus pais, pois os mesmos não falavam espanhol em casa. Esforçavam-se por camuflarem-se entre os brasileiros, não por vontade genuína, mas para escaparem às piadas de mau gosto. Derrotados pelas bolachas, foram a um restaurante próximo.
— Señor, puede darme su saco? – Aproxima-se o garçom.
— Meu saco? – Carlos sobressai-se sem entender o propósito da pergunta.
— Si, su saco! – Ele apontava gentilmente para o agasalho dobrado sobre as pernas de Carlos, o que lhe pareceu outra coisa.
— Moço, pode levar! – Consuelo entrega o casaco para o garçom, salvando o dia.
Carlos e Consuelo desbravam Buenos Aires entre aprazíveis momentos a dois e incidentes linguísticos e diplomáticos, até que nos últimos dias da viagem resolver ir até a paradisíaca Humahuaca, na província de Jujuy. No caminho tortuoso, feito de ônibus, o motorista diz-lhe que ambos estão com sorte, pois é época do Carnavalito.
— Oba! Vou me sentir em casa então! – Anima-se Carlos, que já vinha sofrendo de delírios e alucinações em decorrência da abstinência de sua brasilidade, notadamente manifestada pela saudade do arroz e feijão e pelo esquecimento de seu par de havaianas.
— Será, Carlos? Aqui me parece tão frio. Não creio que veremos mulatas, cuícas e pandeiros por essas bandas…
— O motorista disse que chegamos na época boa! Tá rolando um car-na-va-li-to, entendeu? Argentino adora copiar brasileiro! Descobriram ouro em Minas. Aí eles descobrem prata. Pelé é o rei do futebol, mas eles teimam que é o Maradona! Tenha dó! Vamos aproveitar o carnavalzinho!
No dia seguinte, a cidade enfeita-se com bandeiras coloridas. Pessoas com trajes coloridos, de lã, aparecem portando alguns instrumentos e bacias repletas de comidas típicas, feitas à base de milho. Dançam ao som de uma música que lembra muito aquela feita pelos povos originários, com o tom marcante da flauta andina. Consuelo fica encantada, faz vídeos, tira fotos. Carlos fica desapontado: sem samba, sem caipirinha.
— Puxa… Esse carnavalito de carnavalzinho não tem nada!
— Carlos, sabe qual vai ser a primeira coisa que eu farei quando voltarmos pra casa?
— Desfazer nossas malas!?
— Errou… Vou matricular você num curso de espanhol!

Carnavalito (El Humahuaqueño) (Edmundo Zaldivar, 1941): uma linda canção que homenageia o carnavalito, uma dança tradicional do altiplano argentino! Escute a música no YouTube.

Volver a los diecisiete por Marcelo Elo Almeida
“Volver a los dieciesiete” é uma ode ao amor, uma poesia que se desenvolve motivada pelo próprio tema que descreve. É muito difícil escrever sobre alguma obra quando ela tem metáforas e definições capazes de elevar nossos pensamentos e sentimentos sobre a vida, sem que fiquemos muito aquém da obra que buscamos retratar.
Violeta Parra, multiartista chilena, foi uma mulher inserida em seu tempo, seja social, cultural ou politicamente. Movida pela coragem que todo amor faz brotar, resgatou a música folclórica chilena em mais de três mil registros, casou três vezes, teve quatro filhos, gravou onze discos e foi a primeira artista latino-americana a expor no Louvre sua arte plástica. Tudo isso partindo de uma condição de pobreza, com dez irmãos em uma família humilde.
Sua versão mais conhecida por nós, brasileiros, traz uma interpretação histórica de dois gigantes da música latino-americana e mundial. O grave profundo de Mercedes Sosa e a voz de cristal de Milton Nascimento ajudam muito a traduzir o significado da letra.
Violeta cantava a história de seu povo chileno, que tanto tem em comum com o resto da América Latina, sin perder la ternura jamás. Assim, voltar aos dezessete é resgatar a pureza que quase sempre se perde nas agruras da vida. É ter memória da esperança de que o mundo vai melhorar, afinal, aos dezessete estamos chegando à vida adulta, até nos darmos conta de que somos enredados pelos problemas do cotidiano e pelo desânimo de ver a injustiça campear.
Mas, em Violeta, não. O que se enreda, como el musguito en la piedra, é a força do amor. Não do amor infantil, que é puro, mas do juvenil, que além de puro é também político e ativo, que quer o mundo melhor, abruptamente impulsionado por hormônios e sonhos, envolto en torbellino de pureza original.
Después de vivir un siglo, tem consciência de que o que mais importa é o coração e sua energia vital, e que não há ciência ou conhecimento capazes de desvendá-lo. Mas precisa ser só depois de um século? É nos dezessete que o mundo se abre, ou melhor, é quando os olhos se abrem, levantando o véu da inocência, mas guardando seu frescor e entendendo que a realidade está carregada do oposto de sua infância e que ela pode estar na palma de nossas mãos. É a energia vital positiva que caminha na direção do bem, que guia os passos dos peregrinos e o coração dos aventureiros. A vida só perde sua fragilidade com a força de um coração puro.
Gracias a la vida, outra letra de Violeta Parra que explora as profundezas das relações humanas, é um agradecimento pelo tanto que a vida lhe deu. Mas a vida é relacional, se ela lhe dá é porque recebeu também, num círculo virtuoso de convivência e construção mútuas.
As veias, tomadas pelo arco-íris formado pelas alianças humanas; o musguinho, tão frágil, mas que é capaz de abraçar a dureza das pedras e dar-lhes seu viço. Até o destino acorrentado adquire outro significado se olhado com olhos juvenis, o que pode ser interpretado como as lutas em meio a uma realidade socioeconômica dura e desigual. Veias, musgos, hidras, ninhos, crianças, arco-íris, diamantes – tudo aparentemente tão frágil, mas que encerram a matéria-prima de nossas existências, o amor, sem o qual a vida jamais existiria.

Volver a los diecisiete (Violeta Parras, 1966): linda composição da chilena Violeta Parras. Invoca a força revolucionária da juventude. Escute a música no YouTube.

Sólo le pido a Dios por Fernanda da Fonseca Pereira
“Solo le pido a Dios/ Que el dolor no me sea indiferente”
A música de “La Negra” grita a resistência e se aproxima de outra grande referência progressista da América Latina: Eduardo Galeano. No mesmo contexto histórico em que Galeano escreveu a obra “As Veias Abertas da América Latina” eclode a música “Sólo le pido a Dios”, de León Gieco (1978), sob a voz de Mercedes, que se torna um hino contra a repressão, as ditaduras e a indiferença diante do sofrimento oriundo das desigualdades e das guerras. Assim como Mercedes denunciou a Ditadura na Argentina através da música, no Uruguai, o jornalista e escritor Eduardo Galeano, através da literatura, fez o mesmo. Dessa forma, ambos criticaram os regimes autoritários e fizeram a defesa dos direitos humanos na América Latina, denunciando a exploração econômica e a violência política.
Ainda no campo da literatura, podemos citar como grandes referências na América Latina: o colombiano, Gabriel García Marques, que escreveu as obras “Cem Anos de Solidão” e “Outono do Patriarca”, tecendo críticas às ditaduras e ao colonialismo; Isabel Allende (Chile), que através de “A casa dos Espíritos” abordou o golpe sofrido por seu tio Salvador Allende e a histórica opressão feminina e Pablo Neruda, também no Chile, com “Canto Geral”, uma das mais importantes obras engajadas do século XX, onde através do poema percorreu a história, a natureza e a luta contra a opressão dos povos da América Latina.
Destacam-se importantes movimentos culturais latino-americanos que projetaram globalmente a arte do continente, tais como: Muralismo Mexicano (décadas de 1920 a 1950); Neoconcretismo (Brasil, década de 1950), Nueva Canción (décadas de 1960 e 1970); Tropicália (Brasil, década de 1960) e o movimento de “Arte Indígena Contemporânea”, no qual organizações como a Escuela de Arte Popular de San Antón (México) e artistas como Sonia Guajajara, no Brasil, resgatam a luta pelos direitos territoriais.
“Que lo injusto no me sea indiferente (…) Que no me abofeteen la outra mejilla (…) Después que una garra me arañó esta suerte.” A exploração econômica desde o colonialismo expressa-se até os dias de hoje. A América Latina sofre com a instabilidade econômica, principalmente por políticas cambiais ligadas ao dólar norte-americano e por democracias frágeis, haja vista a tentativa de golpe de estado no 08 de janeiro de 2023, chamado de “Intentona Bolsonarista” no Brasil e em 26 de junho de 2024, na Bolívia, generais do Exército tentaram depor o presidente Luís Arce. Como consequência, há o empobrecimento crônico principalmente de regiões remotas ou periféricas, com menor presença de assistência dos estados democráticos, pois não há continuidade de políticas públicas (programas de redistribuição de renda, saneamento básico, serviços de saúde, etc.), conduzindo populações inteiras à insegurança alimentar. Segundo estimativas do UNICEF, cerca de 3 milhões de pessoas vivem um quadro de desnutrição severa na América Latina.
Por fim, gritamos: “Que la reseca muerte no me encuentre vacía y sola, sin haber hecho lo suficiente”. Que nossa história marcada por revoluções populares não nos deixe indiferentes! Parafraseando Mario Benedetti: “na rua, lado a lado, somos muito mais do que dois.”

Sólo le piedo a Dios (León Gieco, 1978): composição que denuncia as guerras e a exploração do povo latino-americano. Escute a música no YouTube.

Yolanda por Lilian Ney
Eu conheci a canção Yolanda na voz do sempre maravilhoso Chico Buarque. Ficava me imaginando uma Yolanda, como se a música tivesse sido feita para mim. Cantava a plenos pulmões e desafinamentos. Para mim, as notas eram perfeitas, a melodia dançava no ar, a batida do meu coração marcava o ritmo. E eu era toda Yolanda.
Anos mais tarde, descobri a sua versão original. Apaixonei-me de novo, em outra língua, ou como eu escrevi em um poema bem curtinho – “vou te escrever em outra língua / só para te aprender bem devagarinho” – e foi assim que Yolanda rodopiou comigo no meio do salão. Cada verso é poesia pura. É puro encantamento. É apaixonante. É expressão de um coração vivo, encarnado, encantado! Faço aqui uma pausa para falar de encantamento, que Simas e Rufino, escritores brasileiros, me ensinaram: “o contrário da vida não é a morte, mas o desencanto”. Essa canção é puro encantamento, é aquele olhar que te joga num “pano de guardar confetes”, que te convida a olhar de novo, como se fosse primeira vez.
Composta por Pablo Milanés, em 1970, Yolanda é uma das mais lindas canções já compostas. É um legado para as futuras gerações. Pablo Milanés fez essa música para sua esposa, Yolanda Benet, produtora de cinema e TV em Cuba, que acabara de dar à luz à primeira filha do casal, Lynn. Ele estava em turnê, longe de Havana, o que o impediu de estar junto de sua esposa e de sua filha. Ao retornar, compôs esse hino de amor, que encanta gerações até hoje.
O impacto cultural é outro grande legado que essa música nos proporciona. Esse poema (en)cantado, marcou significativamente a carreira de Pablo Milanés, como um dos mais importantes e influentes músicos latino-americanos.
Em 1984, Chico Buarque adaptou para o português essa belíssima canção, primeira versão que eu conheci, e a interpreta ao lado de Simone. Outros intérpretes também nos emocionaram, como Ney Matogrosso, em uma das versões que eu mais gosto. Foi também gravada por outros cantores latino-americanos, de acordo com Fernando Miller, como Guadalupe Piñeda (México), a Orquestra Guaycán (Colômbia) e ainda a Danza Invisible (Espanha). Yolanda ou Iolanda, gravada em tantas vozes e ritmos. E, para finalizar esse ensaio, termino com três poemas que essa canção me inspirou.
Primeiro poema: Um amor latino-americano
deixa eu te amar
esse amor feito de versos
que não se pode traduzir
se pode só sentir
no entrelaço de nossas bocas
nos nossos olhos de paisagens
nas nossas mãos de acenos
e nossas saudades de abraços
deixa eu te amar
com voracidade de paixão
me abraça demorado
sem pressa de partir
me deixa ser tua eterna
mulher latino-americana
a te olhar pela janela
de vidraças coloridas
deixa eu te amar
e te amando
já não tenho mais medo
de partir!
Segundo poema
Ai, que bom
Que reencontrei você
Iolanda
Há tanto tempo que
Não escutava teu nome
Assim, tão sonoro
Inebriando meus sentidos
Me deixando assim
Com vontade de mais
De mais um pouco de você
Lembro de você
Iolanda
Nas tardes chuvosas de domingo
Ao som do vinil
No meu quarto de frente pro jardim
Pro jardim de hortênsias
De minha mãe,
Enilda
Ai, que saudade de vocês duas!
Terceiro poema: Para sempre, Yolanda
Por essa e por outras
Eu sempre vou te amar
Na voz do Pablo
Na voz do Chico
E quem mais gravar
Vou me saciar
Ao som dos acordes
Cantados pelo querido Ney
Que faz meu corpo
De prazer delirar
Yo soy Yolanda
E também
Eu sou Iolanda
Em Cuba
No Brasil
Em todas as línguas
Latino-americanas
Que fazem de ti
Esse poema-canção
Que pelo mundo
Nos convida a amar!

Referências
- SIMAS, Luiz Antônio; RUFINO, Luiz. 2020. Encantamento sobre política de vida. Rio de Janeiro: Mórula. Disponível em: https://morula.com.br/wp-content/uploads/2020/05/Encantamento.pdf
- MILLER, Fernando. 2022. A história de “Yolanda”, sucesso na voz de Pablo Milanés e Chico Buarque. Disponível em: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-historia-de-yolanda-sucesso-na-voz-de-pablo-milanes-e-chico-buarque/
- Pablo Milanés e Chico Buarque — Yolanda (1983) https://www.youtube.com/watch?v=aN80UEQZiZc
- Simone e Chico Buarque. Iolanda. Versão 1984. Álbum Desejos. https://www.youtube.com/watch?v=Ix8zW5D8Wz8
- Ney Matogrosso – Yolanda (DVD Bloco na Rua) [Vídeo Oficial]. https://www.youtube.com/watch?v=YO3RW38tf94
- Guadalupe Pineda – Yolanda (Te Amo) ft. Pablo Milanés. https://www.youtube.com/watch?v=dKycOvZumhc
- Orquesta Guayacan – Yolanda. https://www.youtube.com/watch?v=MY4TdBKdrSU
- Danza Invisible – Yolanda. https://www.youtube.com/watch?v=1seYv9NZTL0
- Zé Ramalho – Chão de giz. https://www.youtube.com/watch?v=0Jqt8F4xA5w

Yolanda (Pablo Milanés, 1982): uma atemporal declaração de amor! Linda! Escute a música no YouTube.

Não me chamo Yolanda por Christiane Andréa
Acordei pensativa, reflexiva e confusa. Sabe aqueles dias em que o cérebro acelera cheio de perguntas inconclusivas e que somente servem para nos tirar a paz? Pois é! Para onde estou indo? Aonde quero chegar? Como chegarei? Será que chegarei? Dirijo-me à cozinha para preparar o café matinal. Ligo a “Alexa” e solicito a minha playlist. Em menos de um segundo começa a tocar:
“Esta canção não é mais que mais uma canção
Quem dera fosse uma declaração de amor
Romântica, sem procurar a justa forma
Do que lhe vem de forma assim tão caudalosa
Te amo, te amo
Eternamente te amo”
E meus pensamentos se voltam para aquelas perguntas que cismam a me torturar. Sento na beira da mesa, pouso minha xícara de café e reflito. Por que esta música mexe tanto comigo?
Esse sentimento se mistura à canção que me faz doer. Será a melodia que toca algo fundo na minha alma? Não sei, o que sei é que me perturba. Nem me chamo Yolanda, não conheço nenhuma que me remetesse à alguma história. Quem seria ela? Não sei. A certeza de querer ser esta mulher tão amada me inebria, me pega de jeito.
“Se me faltares, nem por isso eu morro
Se é pra morrer, quero morrer contigo.”
O que teria esta mulher de tão extraordinário para ser tão amada? Uma estrofe tão pequena, mas carregada de sentimentos:
“Teu colo, teu colo
Eternamente teu colo.”
Rapidamente me recordo que não me chamo Yolanda, não sou cubana e não tenho alguém me ame tanto assim. Nem todo mundo terá um amor intenso para chamar de seu. E tudo bem. A repetição do nome serve como um mantra de amor e devoção, reforçando a ideia de que, mesmo nas derrotas, o simples fato de pensar na amada traz consolo e força para enfrentar qualquer adversidade. Mas esta frase sempre estará na minha mente: Eternamente te amo! Ainda que o “eternamente” tenha durado cinco anos. Pablo Milanés e sua musa se separaram. Até amores de arrancar suspiros esbarram na realidade. E a vida é assim mesmo.

Yolanda (Pablo Milanés, 1982): uma atemporal declaração de amor! Linda! Escute a música no YouTube.

Livros Indicados
Realismo fantástico à brasileira? Temos! Crítica à decadência social diante de regimes ditatoriais? Temos! Um romance denso sobre lealdade? Também! E aí, já matou a charada? Boa leitura!


A cabeça do Santo
Autora: Socorro Acioli
Pouco antes de morrer, a mãe de Samuel lhe faz um último pedido: que ele vá encontrar a avó e o pai que nunca conheceu. Mesmo contrariado, o rapaz cumpre a promessa e faz a pé o caminho de Juazeiro do Norte até a pequena cidade de Candeia, sofrendo todas as agruras do sol impiedoso do sertão do Ceará. Ao chegar àquela cidade quase fantasma, ele encontra abrigo num lugar curioso: a cabeça oca e gigantesca de uma estátua inacabada de santo Antônio, que jazia separada do resto do corpo. Mas as estranhezas não param aí: Samuel começa a escutar uma confusão de vozes femininas apenas quando está dentro da cabeça. Assustado, se dá conta de que aquilo são as preces que as mulheres fazem ao santo falando de amor.
Seu primeiro contato na cidade será com Francisco, um rapaz de quem logo fica amigo e que resolve ajudá-lo a explorar comercialmente o seu dom da escuta, promovendo casamentos e outras artimanhas amorosas. Antes parada no tempo, a cidade aos poucos volta à vida, à medida que vai sendo tomada por fiéis de todos os cantos, atraídos pelo poder inaudito de Samuel. Em meio a esse tumulto, ele ainda irá se apaixonar por uma voz misteriosa que se destaca entre as tantas outras que ecoam na cabeça do santo. Saiba mais…

Jamais o fogo nunca
Autora: Diamela Eltit
“Jamais o fogo nunca” é o primeiro romance da escritora chilena Diamela Eltit traduzido para o público brasileiro. Com um título que provém de um enigmático verso de César Vallejo, o romance se constitui pela voz, em primeira pessoa, de uma mulher cujo dado biográfico essencial é ter sido uma sobrevivente da luta política no período do regime militar, luta que trouxe consigo a delação, o cárcere e a perda de um filho. A obra parte desse pano de fundo histórico e pessoal para seguir em direção ao microcosmo dessa voz e examinar o tecido medular das subjetividades que trançaram as utopias e sentidos do século XX, encarando a condição precária dos corpos excedentes desse tempo. A partir de uma máxima ambiguidade, o romance se abre a diversas possibilidades, nas quais oscila e se dissolve a fronteira entre a vida e a morte, entre o corporal e o social. A noção de célula funciona, no romance, como chave política, mas, também, como unidade básica do corpo, ambas as arestas ali presentes para produzir a explosão e a confusão entre corpo e política. Saiba mais…



O vento que arrasa
Autora: Selva Almada
Obra de estreia saudada desde seu aparecimento como um marco da nova literatura latino-americana, O vento que arrasa já traz as maiores qualidades de Selva Almada, que seriam reconhecidas por meio de livros como Garotas mortas e Não é um rio: a prosa límpida, cortante e poética, junto com um olhar filosófico sobre a vida das pessoas comuns e a sabedoria rara de perceber que mesmo o silêncio carrega uma miríade de significados. Uma obra triunfal. Saiba mais…


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Corpo Editorial

Editora
Daiane Carrasco
Oceanóloga. Escritora.
Instagram: @daiane_carrasco
Autora do Livro Ozzy & Jonny.

Designer e Criação
Sérgio Fernandes
Consultor de T.I. & Terapeuta Corporal.
Instagram: @sehfernandes
Site: sehfernades.com.br
Autor do Livro Zé das Campas.


Escritores da Edição nº 21 de 2025 – Viva a América Latina!

Igor Pires Leon
Escritor
Graduado em História e Pós-Graduado em Cinema, é autor das seguintes obras:
Veludo Azul contos, pela Editora Nauta; As incoerências e insatisfações de um casal desapaixonado; O caso da mulher desaparecida; O toque do despertador pelo Clube de Autores.
editoranauta.com.br
clubedeautores.com.br
Instagram: @igorpiresleonescritor




Fernanda da Fonseca Pereira
Assistente Social com mestrado e doutorado em Política Social e Direitos Humanos.
trabalho com as comunidades da Zona Oeste do Município do Rio Grande, experiência que provocou a escrita do livro “Reincidência da Violência Contra Meninas e Mulheres Pobres do Município do Rio Grande/RS”. Desde 2014, escrevo no meu blog “Mulher Inteira” dando vida ao desejo pela escrita e reflexão política sobre o mundo, em que (sobre) vivemos. Enfim, sou mulher vinda da periferia, criança crescida em situação de violência, mãe atípica, Sacerdotisa de Umbanda e Mulher de luta e esperança.
Instagram: @fernandadafonsecapereira
Blog: mulherinteira.blogspot.com



Lilian Ney
Poeta, Escritora e Feminista.
Do cotidiano ao assombroso tudo vira narrativa.
Coautora e organizadora dos livros: Poesia no espelho: diálogos de autopoética (2024); Delírios de Quinta (2023); Papareinha– Poesia Infantil (2020); Nossos poemas (2017); Condomínio Saint Hilaire (2016); Vitrais – Contos do Invitro (2015) e Participação nas revistas online Zine Marítimas, La Loba Magazine e Litera Livre. Coautora na revista Marítimas: de volta ao lar (2024) – PDF, premiada na Lei Paulo Gustavo.
Instagram: @lilian_ney

Christiane Andréa
Sexóloga, Mestre em Educação
Ativista na temática da autoproteção e prevenção das violências contra crianças e adolescentes.
Escritora de literatura Infantojuvenil e Educadora em Sexualidade, é autora do primeiro livro nacional a atender a Lei 14. 164 de 2021 sobre a prevenção da violência contra a mulher nos currículos da educação básica, e institui a Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher.
Atualmente é Coordenadora da Comissão de Enfrentamento da Violência Sexual Infantojuvenil de Santos.
Livros Publicados:
Vamos Conversar? Sobre Violência Sexual Infantil, Vamos Conversar Mamãe? (e-book), Por Todas as Flores do Mundo – Uma Oficina Poética de Prevenção Para Meninas.
www.papaleseditorial.com.br/christiane-andrea
Instagram: @christianeandreaoficial


Olga Carrasco Chaves
Ilustração e Fotos
Estudante, nadadora, capoeirista e ilustradora. Amante da arte.
